A Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor estima que no País as dores orofaciais crônicas – associadas aos tecidos da cabeça, face, pescoço e estruturas da cavidade oral – afetem até 8% da população. Para estudá-las, bem como os distúrbios afins, o professor Márcio Lima Grossi formou e lidera o Núcleo de Pesquisa sobre Dor Orofacial e Desordens Temporomandibulares.
Cadastrada no CNPq desde o ano 2000, a estrutura foi pioneira no Brasil a estudar a dor orofacial. O foco atual está relacionado a fatores psicossociais, socioeconômicos e a distúrbios do sono.
Dentistas, médicos, fisioterapeutas, psicólogos e assistentes sociais se integram para um tratamento sistêmico dos casos, numa atuação bem-sucedida. Em 2012, avaliação interna quanto à eficácia do tratamento clínico apontou 88% de satisfação dos pacientes. Os pesquisadores atribuem o resultado justamente à atenção multidisciplinar.
Além da cooperação científica com Faculdade de Serviço Social da PUCRS e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, o núcleo publicou, em parceria com a Universidade de Toronto (Canadá), artigo sobre um novo modelo de placa de ronco temporária. Elaborado com material mais simples que o silicone convencional, o aparelho bucal apresenta custo de produção dezenas de vezes menor que o usual. E, embora tenha curta vida útil, oferece mais conforto. Os estudos irão avançar para aprimorá-lo.
Um trabalho em andamento do núcleo mostra que, no município de Maringá, no Estado do Paraná, foi estudada a prevalência de dor orofacial em quase 2 mil indivíduos. Os resultados mostram que 17,8% da população apresentam dores de alta intensidade, sendo que 5,1% possuem limitações de moderadas a severas devido ao problema. Em 18,4% das pessoas estudadas, a dor é de baixa intensidade e sem limitações ao paciente. Porém, isso pode elevar o número de pacientes precisando de algum tipo de tratamento para 36,2%. Os resultados são parte da tese de doutorado da professora Patrícia Saram Progiante.