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Opinião

Comemoração do Bicentenário da Independência do Brasil

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Enquanto cidadão português, historiador e docente da Universidade de Coimbra (Portugal), encaro 2022, ano de comemoração do Bicentenário da Independência do Brasil — talvez um dos seis países mais relevantes do Mundo actual — e de tentativa de invasão/anexação da Ucrânia pelo regime ditatorial vigente na Federação Russa, como um momento de análise objectivante acerca de quatro problemáticas também afectivamente significativas. Identificaria, antes de mais, o passado e o futuro do Brasil e da América Latina em geral; as virtualidades e os riscos da democracia, do multilateralismo e dos processos de integração subcontinental; as implicações da pobreza, da violência e das desigualdades sociais; as potencialidades do património cultural e natural, da diversidade cultural e de uma produção artística diferenciada e de qualidade.

Considero que a história do Brasil não é, exclusiva e inevitavelmente, dominação por parte de Portugal, Inglaterra/Grã-Bretanha e EUA; violência colonial, dependência e subdesenvolvimento; genocídio, escravatura, racismo e aculturação coerciva; oligarquia (sob a capa de liberalismo conservador, demo-liberalismo, democracia) ou ditadura, populismo e corrupção/nepotismo. Penso que a historiografia/outras ciências sociais e as humanidades, as artes e as tecnologias de base científica podem e devem caracterizar e analisar, contextualizar e comparar, ajudar a transformar para melhor uma realidade bem mais multifacetada e portadora de outros futuros. Invoco, a este propósito, os exemplos de Clarice Lispector e Celso Furtado, Fernanda Montenegro e Chico Buarque.

Coimbra (Portugal), 11 de Agosto de 2022.

João Paulo Avelãs Nunes
(UC/FL/DHEEAA/SH e CEIS20/UC)

João Paulo Avelãs Nunes

João Paulo Avelãs Nunes

Professor Auxiliar do Departamento de História, Estudos Europeus, Arqueologia e Artes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, atuando também como Investigador Integrado do CEIS 20 da mesma instituição e Investigador Colaborador do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e História da Universidade Nova de Lisboa.