Adélia Prado, na crônica “Envelhecer com viço e ternura”, que acompanhava o primeiro material que preparei para a UNATI, em 2019, diz:
Todos vamos envelhecer… […]
A boa notícia é que a alma pode permanecer com o humor dos dez, o viço dos vinte e o erotismo dos trinta anos. O segredo não é reformar por fora. É, acima de tudo, renovar a mobília interior: tirar o pó, dar brilho, trocar o estofado, abrir as janelas, arejar o ambiente.
Porque o tempo, invariavelmente, irá corroer o exterior. E, quando ocorrer, o alicerce precisa estar forte para suportar.
E “o humor dos dez”, “o viço dos vinte” foi o que encontrei nesta turma maravilhosa que foi crescendo durante as várias edições do curso “Quem conta um conto”. Ah, vocês devem estar se perguntando se encontrei também o “erotismo dos trinta”. Bem, rsrsrs, sobre este, quem deve responder são os maridos, as esposas, as namoradas e os namorados. Mas de uma coisa eu sei: o “alicerce” é muito forte.
Pois bem, nosso curso considera que exercitar a escrita por meio de uma atividade prazerosa pode trazer grandes benefícios àqueles e àquelas que se propõem a fazê-lo, e, como todo ser humano é um legítimo “contador de histórias”, não lhes falta material para escrever contos. Assim, aliando leitura, revisão linguística e produção de contos, cada um e cada uma está, além de enriquecendo sua bagagem cultural, criando textos e avaliando sua produção por meio de roteiros disponibilizados em aula.
Partimos sempre do princípio de que é preciso escrever para um fim/leitor. Então, na primeira edição do curso de contos, em 2019, juntamos os textos de todos e construímos um livro artesanal. Com os contos digitados e impressos, literalmente costuramos nosso livro. Meninos e meninas puseram mãos à obra. Brincamos com retalhos, papelão, barbante, cola. Enfim, montamos uma oficina de edição.
Mas eu queria mais, queria mostrar para muita gente o que este pessoal escreve, queria mostrar os contos dos que foram chegando depois da primeira edição. Então, prometi-lhes que lançaríamos um livro. Montei o projeto, e a EDIPUCRS o acolheu com o maior carinho. E aí está o “Quem conta um conto” em sua primeira edição como publicação de editora, porque, como livro artesanal, ele já existia desde 2019. São 82 contos dessa turma que, sim, tem “o humor dos dez e o viço dos 20”.